sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FARRAZINE ENTREVISTA; LILIAN MITSUNAGA



Creio que essa desastrada tentativa serve para mostrar a importância do letreiramento em uma história em quadrinhos. E quando falamos nas letras que preenchem aqueles balões de diálogos e textos, aposto minha coleção do Batman que o primeiro nome que virá à mente do leitor é o de Lilian Mitsunaga. Ao menos na mente do leitor mais experiente, na falta de expressão melhor. (Não, isso não significa que você colocará as mãos na minha coleção do Batman).
Faça um teste: Escolha uma revista qualquer, lá no fundo do seu baú. Em algum lugar você vai achar o nome dela!

Há quase trinta anos trabalhando nesta área, Lilian é praticamente sinônimo de letreiramento. Essa arquiteta de formação começou a trabalhar na Editora Abril em 1980, na criação de letras para as revistas em quadrinhos da editora. Para se ter idéia; em um tempo em que o trabalho era completamente manual, com nanquim sobre vegetal, Lilian letreirou a primeira edição de Batman da Abril; a primeira edição de Conan; e mais toneladas e toneladas de outros títulos da editora.
Ainda hoje ela continua na área, através de seu estúdio Lua Azul, que faz trabalhos tanto para a Abril, como para a Conrad, Compania das Letras, entre outras.
A diferença é que hoje a experiência no uso do bom e velho nanquim, deu lugar ao uso talentoso de softwares.

E nesta edição, temos a honra de apresentar uma entrevista com esse ícone dos quadrinhos no Brasil. Entrevista esta conseguida na raça e na coragem (também conhecida como cara-de-pau) do colega Beto “Palhastro” Brandão Pires.
* texto original de introdução de Marcelo Mainardi



FARRAZINE - Quero saber um monte de coisas! Mas só tenho algumas perguntas precipitadas. Se puder responder qualquer uma que seja...
Lilian Mitsunaga - Olá! Vamos lá. Vou responder algumas, ok?

FARRAZINE - Seu nome completo.
Lilian Mitsunaga - Lilian Toshimi Mitsunaga Farias

FARRAZINE - Alguma HQ mudou a sua maneira de ver o mundo?
Lilian Mitsunaga - Acho que nenhuma HQ poderia mudar a maneira de alguém ver o mundo, mas a somatória de tudo o que você ler durante a sua vida pode ajudar a compreender melhor as pessoas e as diferenças que nele existem. Cultura nunca é demais, seja ela em qualquer tipo de manifestação, inclusive os quadrinhos.

FARRAZINE - Que artista mais influenciou a sua carreira?
Lilian Mitsunaga - Acho que meus pais. Eles foram responsáveis pela minha educação e disciplina. Meu pai já é falecido, mas os dois pintaram quadros, aquarelas, retratos durante a vida toda e gosto de pensar que me espelhei neles. Talvez não seja a resposta que você esperava, mas nestes anos todos trabalhando com quadrinhos, não saberia apontar um quadrinista específico. Foram tantas revistas e, sinceramente, nunca parei pra pensar nisso. Não poderia esquecer minha irmã, Marli, uma arte-finalista de mão cheia e que me deu muitas dicas de quais penas usar para os trabalhos. Se alguém me influenciou, foi ela. Vivia dizendo pra eu fazer balões com peninha que ficavam mais bonitos e tal. Era verdade.

FARRAZINE - Que HQ você mais lê?
Lilian Mitsunaga - Sinceramente? A que eu estiver letreirando (risos). Bem, pra dizer a verdade, eu era consumista voraz de quadrinhos quando pequena. Aprendi a ler bem cedo e lia tudo o que caísse no meu colo, de fábulas dos Irmãos Grimm a HQs. Desde os 5 anos, lia Disney, as histórias do Mickey detetive, as grandes aventuras dos patos de Carl Barks (só mais tarde fui descobrir que eram dele as hqs que eu mais gostava), A Turma da Mônica e Super-Heróis. Meu irmão era sócio da biblioteca da cidade e me trazia sempre livros de histórias pra ler. O namorado da minha irmã mais velha fez uma pilha de quase um metro de altura com as revistas do Super-Homen, Superboy, Batman e trouxe pra eu ler nas minhas férias escolares. Eu lia tudo. A contradição é que, quando comecei a trabalhar com isso, parei de ler, por absoluta falta de tempo.

FARRAZINE - Dê um exemplo de uma HQ muito boa mas desvalorizada.
Lilian Mitsunaga - Não apontaria uma HQ, mas todos os artistas nacionais que precisam se desdobrar pra sobreviver.

FARRAZINE - Cite uma HQ que frustrou suas melhores expectativas.
Lilian Mitsunaga - A série Vagabond. Desenho fantástico que foi abandonada pelo autor.

***
Entrevistador:  José Alberto Brandão Pires

A entrevista completa saiu na edição número #11 que você pode terminar de ler online mesmo aqui

Se quiser baixar a edição, o link é aqui

2 comentários:

Paloma Diniz disse...

Lilian Mitsunaga é o icone feminino mais importante dos quadrinhos para mim!!!

Todos os quadrinhos da minha infância e adolescência tem seu nome. E esta matéria fez com que eu a admirasse ainda mais.

Bela entrevista. Parabéns!

rdelton! disse...

Valeu em nome de todos Palomita! ;D

Um abração
R!

 
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