CONTO URBANO
por Invinoveritas - prévia do que virá no Farrazine#19
Aquela armadilha pseudológica e sem sentido nenhum continuava insistindo em vir à tona em minha consciência:
“Estou à beira do mar. O mar é um abismo. Logo...”
E olhava para diante, para as ondas, indeciso entre pular para junto de meus primos e ficar por ali mesmo, assobiando covardemente. Claro, não há perigo nenhum em pular no mar de cima de uma rocha metro e meio acimal se o lugar tiver uma certa profundidade e você saiba nadar. Era algo que coçava, que me avisava atrás da esquina de meus sentidos. Um perigo.
“Pula, pula!”
Gritavam os canalhas. Eu me senti um suicida. Talvez isso explique a minha alegria selvagem ao me lançar no ar e cair nas ondas.
Um pontinho perfeito.
Fendi as águas com graça (acho eu), a resistência da água diminuiu a minha queda até a interromper, eu voltei para a superfície e limpei os olhos. Sorria, orgulhoso. Um rapaz de treze anos tem que provar sua coragem constantemente a seus amigos e familiares.
Só que não era o medo que me prendia à pedra, então. Era o conceito do mar. Sua grandeza. Como ter Deus na sua frente, imensurável.
E aí? Como fazer? (E aí, Deus? Dia gostoso, né?)
Mas estava aliviado. A água me envolvia, a temperatura era deliciosa, a sensação agradável, mesmo que estivesse turva.
Relaxei.
Imagine a minha surpresa ao ver os olhares aterrorizados dos outros, apontando algo atrás de mim e gritando, gritando algo que eu não conseguia entender porque meus ouvidos estavam cheios d´água, que eu só pesquei o final da frase...
***
A estória continua na edição 19 do Farrazine disponível na próxima semana para download.
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