Kaiju é o nome em japonês dos filmes de monstros gigantes. O mais famoso dos filmes de monstros gigantes aqui no Ocidente é Godzilla. Acredito ser interessante saber um pouco mais sobre um evento ocorrido um pouco antes do lançamento do filme e que pode ter influenciado seu impacto de maneira decisiva.
Em primeiro de março de 1954, os EUA realizaram um teste com um artefato nuclear no atol de Bikini, no Pacífico. O teste foi mal calculado e a explosão foi um “pouco” maior do que a esperada, provocando uma chuva atômica branca sobre a força naval de 10 mil militares reunidas para observação, em um lugar (esperava-se, antes da coisa acontecer) seguro. O teste, cujo nome-código era Bravo, criou uma cratera de 75 metros de profundidade e dois quilômetros de diâmetro.
Em dois de março, meteorologistas norte-americanos foram retirados de uma ilha distante 213 quilômetros da detonação. Dois dias depois, começaram a ser evacuados os habitantes da ilha Rongelap, localizada a 144 quilômetros do teste. Flocos radioativos “nevaram” sobre a ilha apenas quatro horas depois do teste e formaram uma camada sobre o solo de alguns centímetros. Inocentes do perigo, os habitantes logo passaram a sofrer de diarréia, vômitos, queimaduras na pele, perda de cabelo, hemorragias. Sintomas similares aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki.
Em primeiro de março de 1954, os EUA realizaram um teste com um artefato nuclear no atol de Bikini, no Pacífico. O teste foi mal calculado e a explosão foi um “pouco” maior do que a esperada, provocando uma chuva atômica branca sobre a força naval de 10 mil militares reunidas para observação, em um lugar (esperava-se, antes da coisa acontecer) seguro. O teste, cujo nome-código era Bravo, criou uma cratera de 75 metros de profundidade e dois quilômetros de diâmetro.
Em dois de março, meteorologistas norte-americanos foram retirados de uma ilha distante 213 quilômetros da detonação. Dois dias depois, começaram a ser evacuados os habitantes da ilha Rongelap, localizada a 144 quilômetros do teste. Flocos radioativos “nevaram” sobre a ilha apenas quatro horas depois do teste e formaram uma camada sobre o solo de alguns centímetros. Inocentes do perigo, os habitantes logo passaram a sofrer de diarréia, vômitos, queimaduras na pele, perda de cabelo, hemorragias. Sintomas similares aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki.
Duas semanas mais tarde, o governo norte-americano ainda mantinha o assunto oculto. Mas um pesqueiro japonês chamado Fukuryu Maru retornou ao porto de Yaizu. Eles estavam a 150 quilômetros a leste do atol, bem afastados da área de segurança do teste. Mesmo assim todos os 23 membros da tripulação sofriam com os efeitos da radiação. Eles viram o clarão da explosão e, três horas depois, uma tempestade de “neve” cobriu o convés. Intrigados e com vontade de fazer uma lembrança, alguns tripulantes guardaram aquela coisa em garrafas (o que me lembrou o caso do Césio 137 em Goiás). Depois lavaram o convés do navio, certamente salvando suas vidas. A situação provocou pânico no Japão: Toneladas de pescado foram destruídas; sindicatos, políticos e jornais exigiam o fim imediato dos testes que continuaram a se realizar no Pacífico.
Em novembro de 1954, estreou nos cinemas japoneses o filme Gojira ou, como conhecemos por aqui, Godzilla. O livro “Homens do Fim do Mundo”, de P. D. Smith (de onde retirei esta história) afirma que Godzilla foi inspirado em um filme B norte-americano de 1953 (um dinossauro é despertado por testes nucleares e ataca Manhattan). Segundo o autor, existem claras referências a este episódio do teste Bravo: no início de Godzilla, a tripulação de um barco testemunha o surgimento do monstro e os sobreviventes avisam sobre a criatura. Pessoalmente, acho um prazo apertado para uma inclusão no roteiro, mas como não entendo nada de cinema... Quem sabe?
Além da explosão acordar a besta de seu berço esplêndido, ela tornou o monstro radioativo. No filme, contadores Geiger eram usados em suas pegadas gigantescas. Produtores do filme confirmaram o objetivo de criar uma “cara monstruosa” para a bomba atômica. E conseguiram: O filme foi um sucesso no Japão, pessoas assistiam em silêncio, muitas saíam do cinema chorando, as lembranças de Hiroshima e Nagasaki ainda frescas na cabeça.
Na realidade, quando se percebeu que o objetivo dos militares norte-americanos era realmente jogar uma bomba atômica sobre cidades japonesas, uns poucos cientistas tentaram fazer abaixo-assinados e até propuseram que se fizesse uma demonstração “pública” para dar ao inimigo a chance de rendição. Ninguém escutou, envolvidos que estavam no esforço de guerra e na ânsia de mostrar aos soviéticos sua força. O livro relata os esforços de um dos criadores da bomba, Leo Szilard, em divulgar os catastróficos efeitos de uma guerra nuclear e na possibilidade de que uma única bomba pudesse envenenar todo o globo e exterminar a vida na Terra (com exceção, como se sabe, das baratas).
O teste Bravo esclareceu com maior veemência que o vento nuclear era um perigo real. Infelizmente, nada como um caso prático como este do Teste Bravo para surtir mais efeito. Anos depois, em 1957, os argentinos Héctor Germán Oesterheld (nos roteiros) e Francisco Solano López (nos desenhos) criaram a apavorante e sensacional história “El Eternauta” (há rumores de que vem um filme por aí) que inicia com uma estranha neve fosforescente que desaba durante uma madrugada eliminando a maior parte da vida no mundo.
A mesma idéia reside na “bomba suja” que é um dos maiores medos do governo norte-americano. Um grupo terrorista poderia criar uma única bomba capaz de realizar um estrago sem precedentes e no mundo inteiro. Uma guerra na periferia do mundo (entre Paquistão e Índia ou entre as Coréias) pode despertar este monstro. Apesar de seu tamanho, Godzilla ainda espreita nas sombras.
Por Brontops - Revisão Aluada - FARRAZINE 11
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