Os leitores de quadrinhos dos anos 80 com certeza devem lembrar do nome: Afinal era difícil ler uma história dos super-heróis da Marvel que ele não tenha escrito: Thor, Os Defensores, Homem de Ferro, Tropa Alfa, Homem-Aranha, Mestre do Kung Fu, Os Campeões, a lista é realmente extensa.
Mas BILL MANTLO é mais lembrado, sem dúvida, por sua longeva carreira à frente da revista do INCRÍVEL HULK e pela adaptação para os quadrinhos de personagens de brinquedo como Rom, Transformers e Os Micronautas.
O escritor ficou na revista do Hulk por cinco anos, e é de sua autoria sagas que até hoje estão na memória dos leitores brasileiros, justamente porque foi o momento de maior sucesso editorial de um gibi do Hulk no Brasil, em meado dos anos 80. Ele começou sua passagem colocando o Hulk a viajar pelo mundo, e assim apresentando diversos personagens internacionais da Marvel pelo caminho. Foi Mantlo também o primeiro autor a desafiar o status quo das histórias do gigante verde, fazendo com que a mente do cientista Bruce Banner dominasse a mente do monstro durante algum tempo, como também fez a criatura recuperar o controle e destruir Nova York, na espetacular edição de número 300 onde o Hulk enfrenta boa parte do Universo Marvel. Depois veio a famosa saga da Encruzilhada, a primeira vez que o Golias Esmeralda foi exilado da Terra, tendo aventuras em outros planetas.
Mantlo também criou personagens que até hoje estão nas páginas dos quadrinhos: Mantlo & Adaga, Tigre Branco, e o guaxinim espacial Rocket Rackoon, que hoje está na nova formação dos Desafiadores da Galáxia.
No entanto, o ponto alto da sua carreira foi a inventividade com que conseguiu criar revistas em quadrinhos baseadas em brinquedos. A série do ROM foi baseada num único bonequinho articulado. A partir dali, Mantlo criou um motivo para a aparência do personagem (ele não era um robô, mas um ciborgue), o que era aquela arma que ele carregava, quem eram seus inimigos, qual sua origem, e toda uma gama de personagens coadjuvantes. O sucesso de Rom durou além do boneco e sua revista ficou seis anos nas bancas americanas.
Outro triunfo foi a série cult Os Micronautas, que poucos brasileiros sabem, mas também foi baseada numa série de brinquedos. Aqui, o trabalho de Mantlo e do desenhista Michael Golden chegou a ser reconhecido com o prêmio Eagle de melhor novo gibi, do ano de 1979.
Por essas e outras, quando a Marvel conseguiu os direitos para lançar um gibi dos Transformers, é claro que o homem certo para o trabalho era Bill Mantlo, revista que os brasileiros também tiveram chance de conhecer através da Editora Abril.
Mas por onde anda Bill Mantlo? Porque os leitores nunca mais tiveram notícias dele?
Na verdade, Mantlo sempre escreveu quadrinhos como uma forma de pagar os estudos, e no final dos anos 80 se formou em direito, e se tornou defensor público no bairro do Bronx, em Nova York. Ele ainda escrevia alguns gibis, como os diálogos da mini-série Invasão, para a DC Comics.
Mas no ano de 1992 aconteceu uma tragédia: Mantlo foi atropelado, por um motorista que nunca foi identificado. Até hoje o escritor carrega as seqüelas daquele acidente e precisa de cuidados 24 horas por dia, estando internado numa casa de recuperação.
Em 2007 o cartunista David Yurkovich lançou um livro em sua homenagem: “Mantlo: Uma vida nos quadrinhos”, que também serviu para arrecadar dinheiro para bancar o tratamento que Bill necessita.
Realmente é triste o curso que a vida de Bill Mantlo tomou, mas os gibis que ele escreveu sempre vão estar presentes nas memórias dos fãs antigos e também novos, graças as coletâneas que a Marvel reimprime.
Publicado no Farrazine #11, veja online aqui ou baixe aqui
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