
A regeneração do desconstruto por Carlos Panhoca
Não me lembro direito de como cheguei aqui. Lembro-me de ser um inteiro incompleto no começo da minha jornada. Abandonei-me aos poucos. Não conseguiria isso sem a ajuda de meus avôs. Sem eles eu nunca teria doado meu rim. E nunca largaria a venda que me impedia de ver o mundo. As dores que antes eu afogava começaram a me atingir. Cruzei várias fronteiras. Esperando que a humanidade mostrasse para o que veio.
Meus órgãos que filtravam preencheram minha televisão. Preguei meu cérebro no coração de Jesus. Deixei minhas pernas aos pés da montanha. Subi ao cume. Obtive a vista panorâmica. Alimentei os pássaros com meus olhos. Selei meu coração numa carta à NASA. Num ato de misericórdia, doei meu...