segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O QUE VEM POR AÍ

Carta ao Avô
por Hiro - prévia do que virá no Farrazine #20

Eu soube das notícias. Soube que sua saúde piorou. Sei que não há muito tempo, então serei direto e sincero. Não posso ir até o senhor, pois estou longe cuidando dos negócios da família. Também sei que o senhor prefere que eu continue com meu trabalho, do que vá aí vê-lo. Pois será isso o que eu farei. Farei o que o senhor me ensinou a fazer. Serei o homem que o senhor quer que eu seja. Serei como o senhor mostrou que eu deveria ser naquele dia.
Eu não queria acompanhá-lo naquele dia, ainda era muito jovem, mas o senhor achava que eu já estava pronto. Lembro como eu tremia ao segui-lo. O senhor disse que não havia motivos para ter medo. Todos eles estavam dormindo naquele momento. Nós os surpreenderíamos. Eram eles quem deveriam temer.
Nós chegamos à porta do casarão. O senhor ergueu o machado e, com dois golpes, as trancas foram abaixo. Recordo-me de me alcançar o machado, e de eu ser ofuscado pelo reflexo vindo da munição prateada que o senhor colocava nos revólveres. O segui dentro do casarão escuro e úmido. Eu tremia muito, mas o senhor estava sempre confiante. Procuramos até acharmos os leitos. Eles todos dormiam com rostos serenos e pálidos. Aparentavam ter sonhos felizes.

Após examinarmos em silêncio, o senhor escolheu o primeiro. Disse que deveria ser aquele, pois era o mais forte. Sem ele, os outros não teriam chances. O senhor sacou a grande faca do cinto, e meus joelhos começaram a tremer ainda mais. Eu me recordo do som que a faca fez ao cortar a carne e quebrar as costelas. Hoje, quando fecho os meus olhos, ainda o ouço gritar e vejo mais uma vez o movimento rápido que lhe arrancou o coração antes que pudesse ter qualquer outra reação.
O lamento agonizante ecoou pelas salas e corredores da casa. Todos os outros despertaram, e logo perceberam o que acontecia. Também me lembro de como fiquei sem reação ao vê-los saltarem com seus rostos furiosos e vingativos e com seus gestos que lembravam bestas a defender sua toca ou ninho...

A estória continua na edição 20 do Farrazine disponível em breve para download e visualização online.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

2ª Semana do Quadrinho Nacional


Já está rolando a 2ª Semana do Quadrinho Nacional em Londrina, com a comemoração ao Dia do Quadrinho Nacional. Os convidados desta edição, Eloyr Pacheco (Escorpião de Prata), Rogério Curiel e Alan Bariani (Cotidiano Contínuo), Elton Silva (Tongo Comics) e Rafael Albuquerque (Vampiro Americano, Mondo Urbano).


Confira a Programação no SESC
Dia 25 (terça)
19h – Abertura oficial da semana
Coquetel de abertura das exposições com a presença dos quadrinhistas e produtores independentes.
Dia 26 (quarta)
14h às 17h – “
Ilustração Cotidiana”, com Rogério Curiel e Alan Bariani

Lançamento Cotidiano Contínuo #2
19h –
Lançamento da publicação independente Cotidiano Contínuo com a presença de Rogério Curiel e Alan Bariani

Dia 27 (quinta)
14h às 17h – “
Produção de Tiras e Quadrinhos de Humor”, com Elton Silva, de Apucarana

Lançamento Tongo Comics #2
19h –
Sessão de autógrafos com Elton Silva, desenhista da publicação independente Tongo Comics

Dia 28 (sexta)

14h às 17h – Oficina “Criação de Personagem” com Eloyr Pacheco
Lançamento Escorpião de Prata
19h – Lançamento da revista independente Escorpião de Prata, com a presença de Eloyr Pacheco, Carlos Nascimento, Humberto Yashima, Lucas Tanaka e outros participantes da edição
Dia 29 (sábado)
14h – Bate-papo com o gaúcho Rafael Albuquerque, desenhista da série Vampiro America, da DC Comics/Vertigo, e do álbum Mondo Urbano
15h – Avaliação de Portfólio com Rafael Albuquerque
16h – Sessão de autógrafos com Rafael Albuquerque
Exposições
Tropa de EliteArte conceitual do Filme Tropa de Elite #2 do desenhista Bruno Moura

Cotidiano Continuo

Originais da revista Cotidiano Continuo de Rogério Curiel
 
Vampiro AmericanoOriginais da série Vampiro Americano, de Stephen King com arte de Rafael Albuquerque

Escorpião de PrataPáginas originais da revista independente Escorpião de Prata

Feira de Quadrinhos
No período do evento a Revistaria Odisseia montará um estande com publicações do coletivo independente Quarto Mundo e oferecerá descontos especiais para publicações nacionais de editoras como Devir, Conrad, Quadrinhos na Cia, Peirópolis e Zarabatana.

Serviço:2ª Semana do Quadrinho Nacional
de 25 a 29 de janeiro de 2011
Local: Centro Cultural Eloyr Pacheco
Endereço: Av. Jorge Casoni, 2242 – Centro – Londrina – PR

Realização
SESC Londrina e AQL – Associação dos Quadrinhistas de Londrina

ApoioRevistaria Odisseia, Terceira Arte

Essa dica é do nosso companheiro Nasci do Fanzineria

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

FARRAZINE ENTREVISTA; D.T.C. Comics

A comics brasileira que luta por reconhecimento.
 
Digam-me, fiéis fãs de quadrinhos, quem nunca quis ver (ou ao menos pensou) em HQs nacionais? Um universo todo feito de personagens brasileiros, uma comics que fosse encontrada facilmente nas nossas bancas e fosse tão boa quanta as internacionais. Pois bem, é ai que surge a D.T.C. Comics, criada por Diogo Tavares Costa, que tem como objetivo, fazer com que esta Comics brasileira dispute de igual para igual com grandes comics internacionais (como Marvel e DC). Há pouco tempo eles estão no mercado, mas vêem ganhando espaço aos poucos (inclusive, a edição n° 2 vendeu um mil exemplares publicados em um mês). Por enquanto eles possuem apenas uma revista, a Ecos Sombrios, que terá nova impressão da segunda edição e uma impressão de releitura da primeira, além disso, a terceira está para sair, e em fevereiro, um novo quadrinho será lançado pela comics, o Universo D.T.C.
Pois bem, para que saibam mais sobre esta D.T.C., entrevistei Amanda Ferreira Katrablc, segunda diretora da D.T.C. e roteirista também.
Tivemos uma boa conversa, inclusive eu aprendi muito também sobre a D.T.C.. Bom, mas sem mais embolação, ai vai a entrevista:


Entrevistada: Amanda Ferreira a segunda na diretoria da D.T.C e roteirista.

FARRAZINE - Quando surgiu a idéia de uma comics brasileira que concorresse com diversas outras grandes comics?

Amanda - Tudo começou com a idéia de fazer algo de qualidade aqui no Brasil, criar um universo de heróis que saísse um pouco do que sempre criaram por aqui... Se você analisar, o Guardião (assim como seu universo) é totalmente diferente dos demais heróis nacionais, foi daqui que começou a grande demanda de público pelos títulos da D.T.C.. É difícil... O Diogo (diretor da D.T.C.) assim como toda a equipe se esforça muito. No inicio tivemos a saída de muita gente, e isso dificultou muito.

FARRAZINE - Todos sabem que a criação de uma nova comics não é algo fácil. Quais as dificuldades que vocês tiveram de enfrentar até a concretização da D.T.C.?

Amanda - “Falta de união com artistas da terra”, esse foi o nosso pior obstáculo. Muitos querem fama antes do tempo, e muito dinheiro... a maioria das pessoas que saíram da equipe de inicio, pensavam assim: queriam fama, nome e dinheiro, e isso atrapalhou muito nosso processo de produção.
Uma barreira que foi quebrada foi a questão do preconceito. Sofremos no inicio, tipo, alguns olhavam e diziam "credo, quadrinho brasileiro, tô fora", isso é algo que estamos quebrando a cada mês de luta.

FARRAZINE - Por que, em sua opinião, há esse preconceito por quadrinhos brasileiros?

Amanda - A meu ver, pelo fato de terem feito muita merda! Tipo, muitos pensam que quadrinho brasileiro é apenas índios, pornografia, contos de lendas, ou copias de heróis americanos. Isso foi uma herança que foi deixada para nós, muitos ainda insistem nessa temática. A Ecos tem provado que é um quadrinho sério, mostrando uma nova temática inspirada na nova visão ótica dos quadrinhos mundiais, estilo europeu, Sandman e por ai...

FARRAZINE - E como está sendo aceita a D.T.C. pelos brasileiros, agora que vocês mostraram que também podem fazer material de qualidade?

Amanda - Está sendo ótima, tem muita gente que ainda não conhece a revista e procura a gente para obter alguma edição. Estamos aprendendo com os erros e colocando a Ecos num patamar que muita gente gostaria de estar (principalmente em relação a publico, dificilmente uma HQ nacional possui um publico fixo de mais de mil leitores, é algo raro, e sabemos disso porque vendemos revistas, e quando acaba o estoque a gente pensa "Poxa, precisamos fazer mais", e isso é legal). Olha... a chegada do papel Pisa Brait (o mesmo utilizado pela Panini em suas edições) foi fundamental para isso também, todos os leitores gostaram muito do material.
Eu estou conversando com mais de vinte pessoas, e com todas é apenas um assunto: Guardião.

FARRAZINE - Quando vocês puderam ter o prazer de ver o primeiro HQ da D.T.C. publicado e sendo vendido junto a outros grandes HQs?

Amanda - Foi no final de 2007. Lançamos a Ecos n°1 (Teste) para ver qual seria a reação do publico, e foi super positiva... Poderíamos ter lançado outra em curto tempo, mas ai veio o problema das pessoas que trabalhavam com a gente, a fama subiu a cabeça, e o projeto parou, pelo fato da gente não ter equipe de produção... Mas é um problema que graças a Deus foi resolvido.

FARRAZINE - Em média, com quantas pessoas conta a equipe atual da D.T.C.?

Amanda - No total de 13 pessoas.

FARRAZINE - Não há certa dificuldade para manter as revistas com 13 pessoas?

Amanda - Não, tipo, só para o título da Ecos, ficam 5 pessoas: roteirista, desenhista, arte-finalista, letreador e diagramador e por último, o revisor. Estamos colocando mais um título nas bancas, são mais cinco pessoas. Fora os especiais que estão programados para o ano. A galera se entendi numa boa, um ajudando o outro e a produção anda de forma perfeita.



FARRAZINE - Falando dos projetos, o que aguarda os leitores neste ano? Quais os especiais? (caso você possa divulgar, lógico)

Amanda - Bom... a Ecos continua com força total, entra em cena o novo título: Universo D.T.C, que irá mostrar outros personagens da D.T.C, e no segundo semestre, sai o especial Silêncio Mortal (Guardião e Lobo Guará de Carlos Henry). O mar de Sangue ainda está sendo estudado... Temos em mente também, lançar uma revista estilo Wizmania, mas só de quadrinhos nacionais, porem, estamos estudando ainda!


FARRAZINE - Tratando mais desse universo criado por vocês, pode nos contar um pouco sobre os personagens da D.T.C.? (tenho conhecimento apenas do Guardião e Vitrine)

Amanda - Olha só, dos outros personagens, realmente é ultra secreto, ainda pelo fato, que só queremos divulgar quando todo material estiver pronto para impressão, tipo, um mês antes estaremos divulgando na net outros personagens do universo D.T.C...


Entrevista publicada no Farrazine #10 que você pode ler completa online aqui ou baixá-lo aqui

***
 
Para aqueles que ficaram interessados e pretendem adquirir as edições da D.T.C., é possível fazê-lo por pedidos pelo e-mail Diogo.t.c@hotmail.com
Para saber um pouco mais sobre DTC Comics, clique aqui

sábado, 22 de janeiro de 2011

FARRAZINE ORGULHOSAMENTE APRESENTA;

Gênesis by irmãos Andrade


Saiu na edição #6 do zine. Veja online aqui

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

FARRAZINE APRESENTA!

 O Povo Contra Garry
Por Hiro

Na noite de 29 de dezembro de 2005, meu pai resolveu fazer uma dupla de lasanhas para o jantar. Claro que isso inevitavelmente atraiu algumas pessoas que acabaram se reunindo aqui em casa. Enquanto esperávamos a refeição ficar pronta, resolvi tirar algum proveito da velha caixa de tênis do meu primo Diego, que estava - por alguma razão desconhecida e provavelmente insana - aqui. 

Esta caixa estava repleta de Playmobils

Com direito a acessórios, veículos e apetrechos variados. Então eu empunhei a novíssima filmadora da minha irmã e exigi como tributação pelas fatias de lasanha que meus parentes me auxiliassem neste projeto batizado de "O Povo Contra Garry".

Esse é um curta muito escroto, feito em umas seis horas (contando o intervalo para comer a refeição feita pelo meu pai). 

Além de boa vontade, este filme não teve mais nada: não teve talento, não teve produção prévia, não teve nem roteiro. Os diálogos eu improvisei na hora sem ter muita certeza onde iam acabar. Não teve nem edição, fui filmando direto e, quando algo dava errado, rebobinava e refazia por cima. 

Por "errado" entendam diálogos absurdamente ininteligíveis. Resumindo, usei a técnica de Ed Wood, e o resultado foi este aí.

Dados técnicos:
Título: O Povo Contra Garry
Sinopse: Garry da Silveira é preso e acusado pela Promotoria do Estado do Texas por ter provocado a morte de um menino em um acidente de carro, mas há muitos mistérios ocultos neste evento.
Filme de Rafael Machado Costa (O Hiro), com Emerson Moraes Nunes, Rafael Machado Costa, Diego Machado Hidalgo, Douglas Raphael Severo e Karine Machado Costa.
Gênero: mistura de "suspense de 'Super Cine'" com "filme de tribunal".
Produção de 2005.

O Povo Contra Garry - Parte 1


O Povo Contra Garry - Parte 2


Conheça um pouquinho mais sobre o Hiro, clicando aqui

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VICIADOS NA FACA - Resenhas do Farrazine

Apreciar um musical requer uma sensibilidade que, pra ser bem sincera, eu não tenho. São raros os filmes desse gênero que realmente despertam algo em mim. Com exceção de dois ou três, que me interessam mais pela estética que por qualquer outro motivo, musicais não me parecem muito eficazes quando se trata de descrever o descontrole e a sordidez humana. E esse é um tema que me interessa muito.
No entanto, há pouco tempo, tive o prazer de assistir a um dos musicais mais insanos e incríveis já feitos: Repo: The Genetic Opera.


 Em um futuro não muito distante (2056, para ser mais exata), uma epidemia de falência de orgãos causa a morte de milhões de pessoas, transformando o planeta em um cemitério gigante. Em meio ao caos, surge a companhia Geneco, especializada em transplantes de órgãos, facilitando as formas de pagamento dos "produtos", para que todos possam ter direito a uma segunda chance. Mas, obviamente, toda transformação tem seu preço. E para a Geneco, dívidas devem ser pagas com a vida. Caso algum cliente não pague por seus novos órgãos, o temível RepoMan é enviado para "repossuí-los".


Em um mundo onde a transformação física acarreta também uma transformação de personalidade e a oportunidade de uma nova vida, a facilidade com que se assume diferentes facetas dentro de um universo sem lei (e aqui podemos traçar um paralelo com a própria Internet) faz com que grande parte da população se torne viciada em cirurgias (não só plásticas), como uma tentativa, ou melhor, uma necessidade de se encaixar no quadro disforme, doente e desesperador que se forma diante de seus olhos.


Um universo neo-gótico povoado por exageros, assassinatos sancionados pela lei e milhões de viciados em analgésicos, contribuindo para o aumento do tráfico de drogas, constroem uma imagem assustadoramente similar à nossa realidade, uma espécie de hipérbole da sociedade em que vivemos hoje, a qual nos obriga a assumir diferentes identidades devido à enorme quantidade de informação e possibilidades a que somos expostos.
Ao contrário, porém, da minha visão otimista da coisa, já que sempre fui defensora do acesso total às informações, The Genetic Opera (que, por sinal, foi produzida pelo “Deus do JRock”, Yoshiki, ex-líder do X-Japan, *detalhe importantíssimo para minha pessoa*) apresenta um olhar bastante sombrio sobre nosso futuro, escancarando a tendência humana à vaidade e ao descontrole, a ponto de nos alienar diante das facilidades do mundo moderno, explicitando, assim, *olha a ironia* exatamente aquilo que é constante alvo de críticas quando o assunto é a intensa onda de informações: o vazio pelo exagero.


Esse filme, a meu ver, retrata como nenhum outro o momento em que nos encontramos: um show de horrores divertidíssimo... e mesmo que você finja que se importa com as coisas horrendas lá fora... nós sabemos que você só se importa com aquela pessoa que te olha através do espelho todas as manhãs, e nós sabemos que você deseja intimamente poder mudar... não o mundo... mas a si mesmo.


Só espero que o terrível RepoMan não venha nos buscar um dia desses... porque... convenhamos... não parece meio óbvio que já estamos todos viciados na faca? De uma maneira ou de outra?


Texto de Jaqueline Scognamiglio publicado no Farrazine #12


Baixe a edição aqui

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

LANÇAMENTO JOGOS CRIMINAIS



Recordamos que, amanhã, no dia 15 de janeiro de 2011, das 14 às 18 horas, na Biblioteca Temática de Literatura Fantástica Álvaro Corrêa, em São Paulo — Rua Sena Madureira, 298, Vila Mariana, São Paulo, SP —, acontecerá o lançamento da coletânea de contos chamada Jogos Criminais da Andross Editora, organizada por Sérgio Pereira Couto, onde estarão dois colaboradores do zine; Brenno Dias (Agente Dias) e o Rafael Machado Costa (Hiro).

Quem puder ir está convidado com muito carinho!


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

JULINHO DA ADELAIDE - Resenhas do Farrazine

UM GRANDE COMPOSITOR BRASILEIRO


Você deve estar pensando que eu estou louco, não é? Quem é esse Julinho não-se-donde? E ainda por cima é compositor?

Sei não...

Calma gente. Eu disse a verdade.

Julinho da Adelaide é um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, e você... é, você mesmo, com certeza, conhece a figura.

Vamos por partes, assim nós nos entendemos melhor...

Na décade de 70, no Brasil, o regime militar censurava quase tudo que era lançado por alguns de nossos artistas. E o pior é que a censura tinha a mania feia de "marcar a cara" de muitos deles.
Exemplo disso foi nosso memorável Francisco Buarque de Hollanda.

Qualquer coisa que ele lançava era rapidamente censurada e retirada das prateleiras. Chico tinha um inimigo bastante poderoso na época, Ernesto Beckmann Geisel - o cara da foto a esquerda - que era o quarto presidente do regime militar brasileiro. Geisel se esforçava ao máximo para que qualquer show ou música de Buarque fosse devidamente proibido em qualquer parte do país.

O detalhe curioso desse ódio de Geisel é que sua filha, diz a lenda, adorava Chico Buarque. E a garota tentava, como uma verdadeira tiete, conseguir discos ou assistir os shows do compositor.

Tá, tudo bem, você quer saber o que isso tem a ver com o Julinho que eu mencionei no início?

Fácil, fácil gente....

Voltamos a falar no Buarque. Dada a situação, onde qualquer coisa que ele cantasse ou gravasse seria censurada, Chico decide criar um personagem fictício. Adivinha o nome dele?

É isso mesmo: Julinho da Adelaide!


Com esse pseudônimo, Chico Buarque conseguiu gravar algumas músicas sem enfrentar quase nenhuma oposição por parte da censura. Esse personagem inventado por Chico chegou, inclusive, a dar entrevistas e abrir uma pequena discussão verbal com seu criador em uma reportagem feita por Mario Prata.

Bom, como Julinho não tinha problemas com a censura, ele gravou uma canção com uma bonita mensagem subliminar. A canção chamava-se Jorge Maravilha e o refrão era mais ou menos assim:

Aperta o play porque descobrir não tem desperdício...




Vocês imaginam a cara do Geisel quando ouviu essa música?

Pois é...

Daí ficou explícito quem era a mente por trás do Julinho da Adelaide, um dos grandes compositores "esquecidos" da música tupiniquim.

Texto publicado no Farrazine #3 que você pode ler online mesmo aqui ou baixá-lo aqui

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

FARRAZINE IMAGINE!

Leonardo Vidal, vulgo Invinoveritas, reconta a estória do mundo dentro do universo de H.P. Lovecraft em:

Admirável Mundo Novo

 


Texto do própio Léo sobre a obra:

"Esse projeto eu passei um tempão fazendo. Mas passei um tempo maior ainda pensando em como fazer.

Eu leio Lovecraft desde os... hã... treze anos. E as descrições vívidas de seus monstros têm povoado a minha mente há um tempão. Lembro da primeira vez em que tentei colocar em papel os seres estrelicéfalos conhecidos como os Antigos, sem conseguir porque as descrições eram complexas e estranhas a toda a experiência. Hoje penso que esse era o objetivo delas.

Então, isso foi uma maneira de exorcizar essa vontade que eu tinha de pensar essas criaturas, e de homenagear esse escritor que me acompanhou por boa parte da vida. Também foi minha primeira tentativa de fazer uma história normal, de 22 páginas (tamanho americano), mais uma capa e uma página explicativa.

Queria a opinião dos amigos, pra saber como está. E, dependendo, se valeria a pena ir adiante e procurar que quisesse publicá-la.
Porque no momento estou apaixonado por ela, como uma coisa que acabei de concluir, e talvez não seja lá essas coisas, no fim das contas."

A HQ é totalmente desenvolvida por ele. Desde desenhos até diagramação e roteiros.

Clique aqui ou na capa para baixar !

A revista está em formato .cbz se você não tem o programa para ler (CDISPLAY) o arquivo baixe-o clicando aqui

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

FARRAZINE ENTREVISTA; EDUARDO RISSO

Foi na edição nº 12 do zine que tivemos a participação "del hermanito" Eduardo Risso com um bate-papo sobre quadrinhos (obviamente!), influências, prêmio Eisner e a "maldosa" pergunta; "Pelé ou Maradona"?

Confere aí como foi!

FARRAZINE – Oi, Eduardo, obrigado por dedicar um pouquinho do seu tempo nesse bate-papo... A verdade é que admiramos muito seu trabalho, e umas das coisas que gostaríamos de saber de ti é de onde vêm as referências para o seu desenho. Dá para perceber que as páginas estão repletas de sombras, o que torna a arte ainda mais atrativa aos leitores. Inclusive há um filme, chamado “Desbravadores” (“Pathfinder”, 2007) que se assemelha muito ao seu trabalho nos comics...
Eduardo Risso - Enriquecer as estórias com bons detalhes é algo que sempre pretendo. Incomodava-me muito, quando era criança – e segue acontecendo – ao observar erros históricos ou geográficos nos comics desenhados por profissionais. É algo que um verdadeiro profissional não deve permitir. Hoje em dia, não existem desculpas para não encontrar boas referências, exceto se resides em um país sumamente marginalizado, que não te permita acesso à Internet, gráfica ou fotografia.
Com as sombras é diferente. Sinto-me nu sem elas. Aprendi a usá-las por necessidade, primeiro, e por prazer, depois. Dão ou tiram o dramatismo de uma história, dependendo de como se use.


FARRAZINE – Quais são os melhores roteiristas para você, atualmente? E qual você gosta mais em todos os tempos?
Eduardo Risso - Não me atreveria a dizer um em particular, desfrutei de cada aventura no seu momento. É que eu entendo os comics como um conjunto, onde o texto se cruza com os gráficos para alimentar-se entre eles constantemente. Um bom produto final não depende só de estar bem escrito ou bem desenhado, e sim a soma de ambos.

FARRAZINE – Quando surgiu seu interesse pelos quadrinhos?
Eduardo Risso - Desde pequeno senti atração por eles. Não sabia ler ainda e já devorava as páginas de quadrinhos, observando cada detalhe e procurando sobre o que falava a história, pela sua narração gráfica. Depois disso, veio a ideia lógica de desenhar os personagens e, desde adolescente, a certeza que, fazendo isso, sentia-me maravilhosamente bem.

FARRAZINE – A melhor HQ que você leu, qual foi?
Eduardo Risso - Não tenho nenhuma. Os quadrinhos para mim são como os filmes ou as novelas, sou fissurado em todos os gêneros. Como tal, ao descobrir uma nova pérola, supera minhas expectativas sobre o anterior que li, mas não tiro mérito nenhum dele por isso.




FARRAZINE – O que você acha dos prêmios Eisner dos garotos brasileiros Bá, Moon e Grampá? Qual é a impressão que você tem do trabalho deles?
Eduardo Risso - Excelente! Eu desconhecia essa notícia. Eles merecem, não só porque são amigos de muito tempo, mas sim porque estão fazendo muitos trabalhos bons. Com o talento que têm, entenderam perfeitamente os códigos da profissão e estão tirando bom proveito disso. Um prêmio é algo que se mantém com mais trabalho e melhor qualidade, embora deixe uma certeza de que está indo pelo bom caminho.

FARRAZINE – Você e Brian Azzarello são os responsáveis por um dos melhores quadrinhos da atualidade (100 Balas), considerado já um clássico do selo Vertigo (DC). Quando vocês se deram conta de que estavam FAZENDO HISTÓRIA dentro do mercado de comics?
Eduardo Risso - Acho que foi no momento em que as críticas, tanto especializadas como dos leitores, coincidiram em interessar-se pela HQ.

FARRAZINE – E o futuro Edu, o que gostaria de fazer (seja dentro do mercado de comics ou não)? Quais são os seus projetos?
Eduardo Risso - Tenho assinado um contrato exclusivo com a DC por três anos. Dentro desse período, tenho que fazer alguns trabalhos, mas nenhum muito grande. Quero descansar um pouco das séries regulares. Também quero começar um projeto com meu amigo e roteirista Carlos Trillo.


FARRAZINE – E a pergunta que não pode faltar... Pelé ou Maradona? (risos)
Eduardo Risso - Ambos… a qualquer um que goste de futebol desfruta vendo Messi ou Ronaldinho. O resto é folclore.

FARRAZINE – Muito obrigado Edu, e sucesso sempre!
Eduardo Risso - Obrigado a vocês, um abraço!

Para continuar a leitura online e poder ver outras matérias do zine, clique aqui

Se você quiser baixar essa edição em pdf, pode clicar aqui

domingo, 2 de janeiro de 2011

POSSE DA DILMA ROUSSEF - PT NO PODER?

Peço direito a fazer um off-topic aqui no blog...

Como as pessoas que costumam vir aqui sabem; a temática do blog é divulgar a revista online Farrazine e o objetivo desta, por sua vez, é publicar trabalhos autorais da websfera - Ou algo parecido com isso, já nem sei...

Geralmente não falamos sobre política ou coisas do tipo - Na realidade nós só nos interessamos por coisas divertidas... ok, piadinha infame, desculpem... mas faço um parêntesis para comentar sobre o momento dessa transição entre o governo Lula e o "novo" governo que o Brasil terá com Dilma Roussef no poder.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr - retirada do G1

E ressalto o que mais atenção me chamou na hierarquia política que há dentro da organização presidencial dela.

O vice-presidente é o Michel Temer.

E não digo isso para fazer analogia do sobrenome dele... reparem como ele convida o leitor ao medo - Temor, temer... ok, desculpem... outra piadinha infame... Digo porque o vice tem uma importância de tanto peso como o presidente da república para a nação.

É "comum" - são importantes as aspas porque eu não gosto de generalizar nada, mas acho esta, a palavra mais apropriada para dar o sentido que quero dizer - temos a facilidade em esquecer ou desconsiderar os segundos em quase tudo no nosso cotidiano. Esse hábito não tem maiores consequências geralmente em nossas vidas; mas, sim teve, no outono de 1985 quando o presidente eleito Tancredo Neves morreu, antes de assumir o poder, e foi substituído por seu vice José Sarney.

Daí para frente o Brasil foi caracterizado por duas coisas durante bastante tempo;

- A consolidação da democracia depois da luta do povo nas famosas "DIRETAS JÁ" - de fato, as DIRETAS, são uma das provas históricas que sim é possível mudar as coisas... Só depende de atitude, vontade e a sempre chatinha persistência.

Manifestantes das DIRETAS com faixa em alusão a música "Apesar de você" do Chico Buarque


- Uma das maiores - senão a maior - crises econômicas do país tendo a moratória (suspensão do pagamento da dívida externa) e a inflação sem controle como protagonistas - no caso da última eu lembro bem que quando meu pai cobrava o salário do mês tinhamos que sair correndo para fazer as compras senão o dinheiro já não valia nada e passariamos o mês no maior aperto. (E isso era tão sério que algumas vezes o preço do leite ou do pão era um pela manhã e outro pela tarde... A coisa chegava a níveis tão altos do absurdo que os estabelecimentos comerciais tinham uma pessoa com uma máquina para remarcar os preços dos produtos... Era normal, também, enfrentar filas escandalosas para comprar ovos ou descobrir que havia familías que congelavam o leite para garantir o alimento da semana seguinte...)

Nosso país sente os efeitos dessas duas coisas até hoje em dia. No caso da primeira somos testemunhas da posse de outro presidente de maneira democrática faz alguns dias.
No caso da segunda fomos vítimas do Plano Cruzado, uma "milagrosa" - essa aspas são irônicas e foram postas aí sem querer - idéia que produziu o seguro-desemprego que ainda temos presente, mudanças vertiginosas em nossas moedas culminando no Real que ainda temos presente e perdas monetárias a milhões de brasileiros que brigam até hoje na justiça contra bancos e governos

Não quero dizer que o Michel Temer teria um hipotético governo com tantos disparates como teve "nosso querido" - eu sei, eu sou um pouco irônico e essas aspas foram postas de propósito agora - Sarney.
Mas chama a atenção que nosso vice eleito é presidente do PMDB, partido com ideologia centrista de maior número de afiliados no Brasil. Além de ser o partido com maior representação política no Congresso Nacional, bem como o que tem maior número de prefeitos, vereadores e governadores.

Acho melhor exemplificar o que quero dizer de outra maneira também...

Fernando Collor era do PMDB quando foi eleito presidente do Brasil... Isso também aconteceu com Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e adivinhem qual era o partido de Sarney? Pois é...

Todos esses mandatos foram bastantes diferentes do governo do PT nesses últimos 8 anos.

Eu não quero defender o PT ou o Lula com esse texto nem criticar o PMDB... Na verdade, minha intenção era pôr em discussão algo que não ouvi ser muito comentado durante essa transição política. Ou seja;

O que aconteceria se a Dilma não pudesse exercer sua função como presidenta do Brasil? Passaríamos de um governo de centro-esquerda a um governo de centro em um piscar de olhos? É isso?

Esse "What If" - são as últimas aspas irônicas eu prometo - poderia não ser nada divertido se acontecesse. 
Lembro que o Itamar Franco deu uma entrevista dizendo que não estava de acordo com as medidas de Collor na época, mas ainda assim, era seu vice e apoiava seu mandato...

Que essa bonita - em teoria eu deveria ter posto aspas na palavra bonita... mas como eu prometi parar, foi sem aspas mesmo. Só que elas deveriam estar ali, ok?! - união entre PT e PMDB é conveniente não discutimos... Mas até que ponto essa conveniência é conveniente para o Brasil? É evidente que o povo votou na continuidade do PT... É evidente que o povo quer ver a Dilma, apadrinhada pelo Lula, na liderança do país.

Não seria democrático que o governo mudasse de ideologia política por alguma desgraça, não é verdade? - E longe de mim desejar algo ruim a nenhum deles com essas observações!

Pra ser sincero eu não tenho preferências políticas, por razões que não convém tratar aqui, mas pensando nessas e outras coisas vejo que o caminho seguido pelos partidos é obediente a definição da palavra "política" no wikipédia;

    * No sentido comum, vago e às vezes um tanto impreciso, política, como substantivo ou adjetivo, compreende arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido político, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores;

    * Na conceituação erudita, política "consiste nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem", segundo Hobbes ou "o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados", para Russel ou "a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo", que é a noção dada por Nicolau Maquiavel, em O Príncipe;

    * Política pode ser ainda a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos assuntos e problemas de interesse público: política financeira, política educacional, política social, política do café;

    * Numa conceituação moderna, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil.

    * Outros a definem como conhecimento ou estudo "das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do Estado e entre os Estados";


Nos meus delírios gostaria que essa palavra significasse simplesmente;

    * "Apoiar o cidadão sem dar importâncias a pessoas, nomes, partidos ou governos dando prioridade a igualdade social e econômica apelando ao apoio de todas as instituições nacionais"


Seria bom se todos os partidos apoiassem o governo em vigor sem pressões ou interesses mesquinhos... No fim das contas o objetivo é um Brasil melhor, não é? E se ele vai ficar melhor qual importância teria um personagem ou partido?


Infelizmente isso não é assim... E tá bem, eu sei que estou viajando na maionese, mas gosto da idéia de John Lennon na letra Imagine.

O chato é que pessoas como Luther King, Gandhi, Jesus e etc... deixam boas lembranças mas as atitudes das pessoas continuam as mesmas. Como diria Roberto Carlos, parece que TODOS ESTÃO SURDOS!

 
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